Pedofilia em São Tomé

11-03-2014 18:51

Umuarama - O advogado Geraldo Alberti representante das famílias dos meninos envolvidos no caso de pedofilia com o ex-padre de São Tomé, perto de Cianorte, na Diocese de Umuarama,  José Cipriano da Silva, procurou ontem pela reportagem do jornal Umuarama Ilustrado em resposta ao pronunciamento feito, pelo bispo Dom João Mamede. Para o representante das vítimas, o caso ocorrido em 2002 não é isolado, como também a decisão do Supremo Tribunal de Justiça não cabe recurso. 
De acordo com Alberti, o caso deixa de ser isolado, pois ele prevê que a decisão do STJ será estendida para os outros garotos envolvidos, já que até agora foi julgado apenas um dos casos. O entrevistado argumentou que respeita o pronunciamento da Igreja, mas não pode concordar com a banalização dos casos de pedofilia registrados nos últimos anos. “A situação não é um fato isolado, são três meninos envolvidos e uma segunda decisão está para sair”, ressaltou.p_HLNRCNUH-GS8Z_advogado cor.jpg (13462)

Para enfatizar os registros de pedofilia, Geraldo Alberti garantiu que há um segundo caso em que está trabalhando corrido em Cruzeiro do Oeste no ano de 2010. “Está correndo em segredo de justiça uma ação em que um padre abusou de um garoto com deficiência mental. Como eu disse, respeito à instituição da Igreja Católica, mas não é um fato isolado”, voltou a frisar Alberti. 
O advogado afirmou que o padre acusado na ação foi transferido de Cruzeiro e hoje está trabalhando em uma paróquia de Barbosa Ferraz, cidade localizada a 68 quilometro de Campo Mourão. “Acabei de identificar que o padre de Cruzeiro do Oeste não foi afastado das suas obrigações e está trabalhando em Barbosa Ferraz”, salientou. 
São Tomé
Ele acrescentou que o acontecimento marcou a vida dos jovens e das famílias que ainda não conseguiram se recuperar do trauma. “Não estamos visando o dinheiro, mas o dano pessoal dessas pessoas envolvidas nos casos. São pessoas simples quer terão marcas profundas para o resto da vida”, detalhou o advogado.

 

A Igreja
Na entrevista coletiva realizada na manhã de terça-feira (26) o bispo Dom João Mamede da Diocese de Umuarama afirmou que o caso de pedofilia é lamentável e vergonhoso. Dom Mamede reiterou que a Igreja vai recorrer na questão da multa e entende que uma pessoa adulta deve pagar pelos seus atos.  “A Igreja percebe que não é responsável por uma pessoa dona de si e de seus atos praticados à noite na sua casa”, disse o Bispo.
O sacerdote avalia o caso como isolado na questão do grau de interferência da justiça. “É uma miséria e lamentável. É um crime e tem que ser penalizado, a vítima merece cuidado. Todo trabalho da Igreja é para combater esse tipo de situação, como também incentivar os valores familiares”, ressaltou.

Relembrando
Superior Tribunal de Justiça decidiu, por unanimidade, manter a decisão que condenou a Diocese de Umuarama e o padre José Cipriano da Silva, da paróquia de São Tomé, perto de Cianorte, a pagarem indenização de R$ 100 mil a um garoto que sofreu abuso sexual quando tinha 14 anos, em 2002.
O advogado Arlindo Vieira dos Santos, que defende a Diocese, disse ontem que vai recorrer da decisão ao Supremo Tribunal Federal. A decisão do STJ foi tomada em julgamento realizado na terça-feira (19)  na análise de um recurso da Diocese, que questionou condenação no Tribunal de Justiça do Paraná. O TJ havia reconhecido "ato ilícito" do padre com "responsabilidade civil" da Igreja. Cada um foi condenado a pagar R$ 50 mil "de forma solidária".
 

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